31/07/2009

Um concelho, um mesmo projecto - Sesimbra (sempre) com outros olhos


Há, sensivelmente, 4 anos, numa noite mais ou menos como esta, embarquei na odisseia que hoje me traz aqui novamente. A vontade de fazer algo pela terra onde nasci e ainda hoje vivo, fez com que aos 28 anos encabeçasse o sonho de ver “Sesimbra com outros olhos”.

Há 4 anos defendi, como esta noite, um concelho – Sesimbra – que se mantivesse fiel às suas características tradicionais e que tivesse uma estratégia de desenvolvimento original, enquadrando a especificidade da Quinta do Conde.

Buscava há 4 anos, como procuro hoje, um concelho diferente daquele que está a ser construído pelos consecutivos executivos municipais desde o 25 de Abril de 1974.

Os últimos anos têm sido, no entanto, particularmente devastadores no que diz respeito à concretização do projecto que defendi, numa noite como a de hoje, há 4 anos.

O executivo da Câmara liderado pela CDU, estabelece como prioridade tirar partido do movimento de expansão residencial da Área Metropolitana de Lisboa, utilizando o turismo como argumento para justificar o aumento da oferta residencial, sobretudo de segundas habitações, gerando dessa forma receitas que patrocinem a sua permanência no poder.
A ambição deste executivo liderado pela CDU é ser o mais e o maior, nunca o melhor, nunca diferente ou típico.
Este executivo liderado pela CDU quer ter a mais populosa freguesia da margem sul, mesmo que os habitantes da Quinta do Conde continuem sem um conjunto de infra-estruturas básicas, como um centro de saúde ou escolas suficientes.

O actual executivo esquece as pessoas, num momento em que o mundo, o país, e o concelho, atravessam uma grave crise económica, que afecta todos... e que todos os dias bate à nossa porta. Porque são sempre os mesmos a pagar.

Uma governação de esquerda – duma esquerda de confiança – coloca sempre as pessoas em primeiro lugar.
Para isso é preciso juntar forças.
Juntar todas as forças de uma esquerda socialista, ampla e popular que possa concretizar uma verdadeira política social que combata o desemprego, e não encontre soluções temporárias e precárias que beneficiam grandes grupos económicos em vez de beneficiar as pessoas.
Isso passa por não sobrecarregar as pessoas com a aplicação de taxas próximas do máximo como tem feito a Câmara Municipal de Sesimbra.

A falta de preocupação com a vida das pessoas e com a influência que as suas decisões têm no dia-a-dia dos habitantes do concelho é a marca deste executivo.

A parolice de querer ser mais e maior, faz com que se esqueçam do mais importante.

Quando se comparam com os camaradas do Seixal, na ânsia de que a Quinta do Conde tenha mais habitantes que Fernão Ferro, esquecem-se que já hoje os jovens da Quinta do Conde têm de deixar a sua freguesia para poder estudar.


Quando se comparam com os camaradas de Almada, na ânsia de provar que Sesimbra e o Meco têm mais banhistas que a Costa da Caparica esquecem-se da impossibilidade que um jovem tem de se estabelecer na sede do concelho. É por isso que Sesimbra é hoje uma vila abandonada e envelhecida. Um lugar de passagem sem vida própria, cuja alma se esvai, às mãos insensíveis dos seus governantes.

Este executivo liderado pela CDU, gozando duma maioria complacente e passiva composta por vereadores socialistas e social-democratas, quer que Sesimbra seja o maior destino turístico da margem sul, mesmo que a vila de Sesimbra esteja deserta, mesmo que as aldeias do Castelo fiquem descaracterizadas, mesmo que a qualidade de vida dos habitantes do concelho piore.

Eles querem mais e maior, mantendo uma atitude de indiferença em relação ao resto.
E o resto são as pessoas. São os habitantes do concelho.
Só assim se explica que este ignorante complexo de inferioridade tenha motivado os continuados ataques à qualidade de vida dos sesimbrenses. O plano de urbanização da Quinta do Conde, o plano para a Avenida da Liberdade e a Mata de Sesimbra são disso exemplo.

Este último caso, a Mata de Sesimbra, trouxe o nosso concelho para as capas dos jornais por ter motivado buscas da Polícia Judiciária no âmbito de uma investigação (ainda em curso) a este projecto.
Todo este processo tem uma história de omissões difícil de entender e aceitar.
Decorre, nesta altura, o período de discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental aos empreendimentos. Ao contrário do normal alarido e foguetório, ninguém anunciou tal facto, ou seja, ninguém informou os munícipes.
Não o fez nem a Câmara Municipal de Sesimbra, nem a CCDR, nem os promotores (que há 4 anos se chamavam Pelicano e agora se chamam Greenwoods, mas são exactamente os mesmos).
Este projecto é a maior mentira alguma vez dita aos habitantes deste concelho.

A criação de um empreendimento turístico que duplica a população do concelho é inconcebível por mais que o embrulhem falsamente em papel ecológico e verde.
A destruição de uma extensa zona verde para construir 17 mil camas é inaceitável.
E quem defende uma coisa dessas está a assinar uma sentença de morte a Sesimbra.


O Bloco de Esquerda teve a coragem de levantar a voz contra esse embuste, dando eco à indignação de muitos.
Por outro lado, outros pactuam com este erro grosseiro, outros ainda assumem uma posição de passividade, e ainda há também quem tivesse abandonado o debate demitindo-se da sua responsabilidade de assumir uma posição.

O Bloco de Esquerda sempre quebrou o silêncio, porque não consentimos que o concelho e os seus habitantes sejam desprezados em favor de interesses imobiliários.
Cá estaremos também para exigir responsabilidades futuras.

Toda esta política sustentada na expansão residencial tem esmagado as actividades tradicionais, contribuindo para uma crescente perda de identidade.


A falta de sensibilidade e visão em relação a tudo isto, atingiu o cúmulo com o anúncio, devidamente propagandeado, da criação de um museu submarino, que iria limitar o exercício da pesca numa pequena área, precisamente no mesmo momento em que, no Parque Marinho “Luiz Saldanha”, entram em vigor a totalidade de restrições impostas pelo regulamento do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida.

Por tudo isto, é tempo de dizer basta! É tempo de mudar.
É tempo de mudar de políticas. É tempo de mudar de políticos!
Ainda é possível inverter este estado de coisas.

É preciso atenuar os impactos dos erros cometidos.
É tempo de recuperar, corrigir e de (re)qualificar.

O tempo de mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma, está esgotado.

O Bloco de Esquerda em Sesimbra corporiza essa mudança.

Apostamos na juventude, no envolvimento de uma nova geração de políticas e de políticos que não estejam comprometidos com os últimos 35 anos de governação autárquica.
Apresentar-nos-emos a votos com uma lista jovem, com gente qualificada e preocupada com os destinos do local onde habita.
Iremos a votos com uma lista composta, em boa parte, por independentes que defendem e acreditam nas nossas opções de desenvolvimento.

Move-nos a certeza de que podemos fazer melhor.

Sesimbra, aos olhos desta candidatura, deve ser um concelho de características rurais e piscatórias...
... que enquadra um Parque Natural
... que tem uma forte identidade cultural
... e que se deve suportar num modelo de economia criativa, integrando a Quinta do Conde num mesmo projecto de desenvolvimento sustentável para valorizar os seus principais activos.

É urgente pensar num concelho, um mesmo projecto.

As prioridades da candidatura autárquica do Bloco de Esquerda são:
a Qualificação e contenção da freguesia da Quinta do Conde;
a Requalificação da Vila de Sesimbra em articulação com a pesca, o turismo e as actividades criativas;
a Criação, o reforço e a requalificação das actividades económicas, alicerçando-as ao sector primário, como a pesca e a agricultura;
a Aposta na educação;
e a Criação duma plataforma de actividades criativas através do estímulo à fixação de agentes criativos no concelho.

Esta é a base do nosso compromisso.

Hoje, como há 4 anos, sou porta-voz de um grupo de pessoas que se propõe ver Sesimbra com outros olhos.

Hoje, como há 4 anos, move-nos a vontade de melhorar a vida no nosso concelho.

Hoje, mais do que há 4 anos, temos um cada vez mais sustentado apoio da população para as nossas propostas de desenvolvimento, reflexo do trabalho dos nossos eleitos nos diversos órgãos autárquicos. A eles uma palavra de reconhecimento...
ao Jorge Luz e ao Henrique Guerreiro na Assembleia Municipal
ao João Espada Feio na Assembleia de Freguesia de Santiago
à Teresa Chagas, na Assembleia de Freguesia do Castelo
e à Sandra Cunha, na Assembleia de Freguesia da Quinta do Conde.
O vosso trabalho concretizou a mudança do panorama político de Sesimbra.

Estes homens e mulheres eleitos pelo Bloco de Esquerda defenderam a sua opinião de forma sustentada, com propostas concretas e consentâneas com um programa político.

Os eleitos do Bloco de Esquerda quebraram com o unanimismo podre e sem matriz programática própria tão profícuo na política autárquica.

Os eleitos do Bloco de Esquerda puseram a nu a fraca qualidade da representação de alguns partidos.

São eles, e todos os que acreditam neste projecto, a marca e o garante de que continuaremos a ver:

Sesimbra (sempre) com outros olhos!

Discurso da apresentação pública da minha candidatura à Câmara Municipal de Sesimbra em 24 de Julho de 2009/em>

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu sou filho de Sesimbra à 31 anos, nasci no Hospital do Concelho quando ainda se faziam partos, cresci nesta linda Vila mas infelizmente não consegui concretizar o desejo de continuar a viver aqui. E como eu, grande parte dos jovens da minha geração e quando digo grande parte é para parecer simpático, nem a médio prazo o vamos conseguir. Gostava de ser esclarecido por todos os candidatos, se não for pedir muito, como será possivel contornar esta questão, ou melhor como será possivel a casais com rendimentos de 1500 euros por mês (os que conseguem emprego) adquirir casa para habitação na Vila. Eu costumo passear por Sesimbra (a pé) de Verão (agora é tudo uma alegria) e de Inverno, e não sei se as pessoas já virão o panorama triste, com casas todas fechadas, parece uma Vila "fantasma". Consigo compreender que quem investe têm que obter lucro, mas não seria possivel a construção de habitações a "custos controlados" priveligiando que sejam adquiridas por jovens com naturalidade do Concelho (à semelhança do que já foi feito em Lisboa). Obrigado

Anónimo disse...

Já agora uma pergunta... à quantos anos vive no concelho de sesimbra?

Maria

Anónimo disse...

Eu morei em casa dos meus pais primeiro no Bairro dos Infante D. Henrique e depois na Rua conhecida como "Calviteira" até aos 25 anos.
Depois quando decidi comprar casa, como é obvio não foi possivel comprar na "Vila". Assim tive que comprar na Cotovia. Como é obvio toda a vida morei no Concelho de Sesimbra. O comentário refere-se à possibilidade dos jovens do Concelho, conseguirem habitar em casas na Vila de Sesimbra.

Anónimo disse...

Tem toda a razão. Os comunistas no poder em Sesimbra estão a mais.
Há que tirá-los de lá sem mais demoras.

escriba disse...

A Magra Carta está de volta. No sítio do costume. E com a mesma gerência.