04/04/2010

É bom mas não é para mim!

Como prometido na minha última crónica, voltarei hoje à temática do comunismo neoliberal que vem fazendo escola no nosso concelho.
No passado dia 13 de Março, decorreu em Sesimbra uma iniciativa promovida pela secção da região sul da Ordem dos Arquitectos. Essa iniciativa, no seguimento de uma outra do Grupo de Reflexão «OBSERVA» no final de 2008, centrava-se na obra do arquitecto Conceição Silva em Sesimbra. Nesta iniciativa, como na anterior, ocorreu uma visita às 3 obras do arquitecto - o mítico “Hotel do Mar”, o bem enquadrado “Condomínio do Bloco do Moinho” e o imponente “Condomínio Porto de Abrigo” (também conhecido por edifício da ERG). Novidade foi a apresentação no Cineteatro João Mota, de um filme/documentário sobre o Hotel, realizado por Fonseca e Costa logo após a sua conclusão, no já longínquo ano de 1965. A beleza de Sesimbra, do hotel e do próprio filme, que cumpre cabalmente o objectivo de exibir em imagens as razões que levaram o distinto arquitecto Conceição Silva a apaixonar-se pela Vila, seriam motivo para muitas considerações e dissertações. No entanto parece-me relevante o facto de a exibição do documentário, bem como a participação no debate que a precedeu, tenham sido vedadas aos munícipes. Não sei se por prever a forma bastante crítica como distintos representantes da classe se dirigiram ao arquitecto que preside à Câmara Municipal de Sesimbra, ou se por uma mais simplória, mas premeditada, tentativa de esconder a importância cultural da obra, ou se por outra razão qualquer, a verdade é que esta postura elitista é sintomática do tal comunismo neoliberal de que tenho falado. Sintomático também é a forma como o arquitecto que preside ao executivo municipal fechou o debate. Disse o arquitecto que não via necessidade, nem relevância em classificar de interesse municipal as obras de um ícone da arquitectura portuguesa do final do século passado, que escolheu Sesimbra para exibir a sua arte, tendo (para além das obras edificadas) pensado na Vila e no seu crescimento de forma harmoniosa, tendo produzido esboços e projectos para a quase totalidade do território de Sesimbra. Mas, não se opõe o arquitecto/presidente que outra entidade o faça, tendo até assumido que aplaudiria uma classificação de interesse nacional.
Ou seja, naquilo em que depende apenas de si (a Classificação Municipal) o presidente não mexerá uma palha, aprovará até todos os projectos possíveis que ponham em causa o valor das obras, como é o exemplo do empreendimento Sesimbra Shell. Contudo, se o Estado, por intermédio do IGESPAR, decidir classificar as obras como sendo de interesse nacional, protegendo-as das agressões, apoiadas pelo executivo, o arquitecto/presidente aplaude. Será?
Ai se Marx sabe disto…

17 Março de 2010 (Publicado no Jornal Nova Morada)

2 comentários:

Canesten disse...

Olha, ainda conheces mal este arquitecto/presidente. Ele está no lugar porque "em terra de cegos quem tem um olho é rei" e pode surpreender muito mais. Não tem nada de simplório, nem de comunista, nem de comunista neoliberal. Ele é um vaidoso e um soberbo. O séquito é da pior espécie e a procissão só vai no adro.Para varrer esta gente não percas tempo com divagações sobre algo que a maior parte da malta não perde tempo a ler e discutir talvez por falta de conhecimento dos assuntos e porque por agora não interessa.Faz por trazer assuntos "grossos" da gestão que aquí os moemos. A coisa tem de ser "pingo a pingo" e ir até à altura das eleições para então passar a ser pingueira, borraça e chuva.
Se tiveres tempo, investiga que bandeira amarela é aquela que está hasteada. Será que mudaram as cores ao brasão?

Anónimo disse...

arquitecto?
com o curso feito onde?