08/10/2008

Uma proposta que antes de ser já era...

por PEDRO ADÃO E SILVA (Investigador do Instituto Universitário Europeu) no Diário Económico de 07 de Oubro de 2008:

«Ler as “teses” para o XVIII congresso do PCP, que se vai realizar no próximo mês, é um bom exercício e também a melhor prova da impossibilidade absoluta de convergência política entre partidos de esquerda com a participação dos comunistas.»

«Lidas as teses, fica, no entanto, a dúvida se o mais chocante são as referências ao “papel de resistência à “nova ordem” imperialista” dos países que definem como “orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista –Cuba, China,Vietname, Laos e R.D.P. daCoreia” ou, pelo contrário, a nostalgia despudorada da U.R.S.S – “a contribuição da URSS e, posteriormente,do campo dos países socialistas, para os grandes avanços de civilização verificadosno século XX foi gigantesca”.»

«As “teses” do PCP ao seu XVIII poderiam ser vistas como uma peça cómica, resultado do carácter excêntrico do partido português.Contudo, têm uma dimensão claramente trágica. Se são para ser lidas e levadas a sério, são a prova cabal da impossibilidade de criar condições para a governabilidade entre os partidos de esquerda.Até porque, imagina-se, para o PCP, um Governo saído de um parlamento eleito deve ser pouco mais do que um exemplo desprezível do funcionamento da democracia burguesa. De facto, isto não está escrito nas “teses”, mas é a única conclusão possível de retirarda sua leitura. »

A opinião de Pedro Adão e Silva pode ser entendida de forma ofensiva por alguns comunistas portugueses, mas, sem querer concordar com tudo, parece que a proposta de Jerónimo de Sousa deve ser motivo de uma reflexão contextualizada no pensamento do comité central.
Isto de ser o primeiro a formalizar um apelo à união da verdadeira esquerda, não encerra em si qualquer importância especial, a não ser a clara evidência que o PCP sente receio pela identificação sentida por votantes de esquerda às políticas apresentadas pelo Bloco. Este dar de mão chega a ser constrangedor quando descamba na ortodoxia latente nas publicações do "Avante" ou nas teses a que Pedro Adão e Silva se refere.
A convergência de esquerda faz-se nas políticas apresentadas, na actualidade dessas políticas e nas formas como se defendem essas mesmas políticas.
Infelizmente para o PCP de Jerónimo, a convergência de esquerda não é uma luta de galos onde o primeiro a cantar assume o poleiro. Este chavão não é coisa que se ganhe num passo de mágica, é algo que se constrói.

1 comentário:

Anónimo disse...

espero k traga algo de novo.